Vênus, oh venus, seus olhos parecem se ofuscar em meio ao grande mar que velejo
Sua pele apaga seus tons de ébano, sua voz, fragilizada já não canta a melodia
Eu estou cansado, seu guerreiro que porta sua bandeira desfalece pelas portas da cidade
Aos poucos morro em detalhes só nossos, tão nossos que se apagam da nossa própria memória
Consegues ouvir o cortejo que se aproxima? Vê como chora a desatenção e a indiferença?
Oh, pequena, vê que há ainda luz na nossa escuridão, não sejais furtiva
Mas careço mais que uma vela, oh minha pequena, nossa noite preciso de ti
Os homens constroem ídolos para si, e neles depositam sua fé sem desconfiança
Do mesmo modo o amor vira esperança, daqueles que nunca tiveram confiança em si
Mas há quem ache direito de lutar mesmo em uma guerra perdida, onde o objetivo não é ser vencida
Mas prolongar o sofrimento
Vênus, se me entende sabes, que teus olhos são mais que os olhares, que tua boca é mais que as palavras
Por isso tento buscar em ti, em cada momento a emoção de ser teu escudeiro, de ser nobre e verdadeiro
Mas as vezes sinto só uma fria indiferença
O que escondes que é dígno que não se saiba?
O que não falar que é dígno de segredo?
Ora, em prumo sigo verdadeiro, mas sinto que há uma assincronia
Nosso coração bate em descompaço, não sinto que há um laço que se forma
sinto que meu tempo vai embora, sem aproveitar dele a realidade
Vênus, já não são poucas minhas formas de trazer-te adiante à indifereça, te pus em livros e em poemas
A minha pena escreveu resenhas, pintei quadros fiz galerias, juras a todos à luz do dia
E o resultado? indiferença, Oh vênus, és a decência, te amo, de peito aberto declaro
Mas quais segredos são profanos, que de mim são reservados?
Dá me a solidão, mas não tirai-me dela sem antes oferecer o perdão, amor, soberania e a quente luz do dia, pois a escuridão serve pra quem não ama, nem é amado, oh Vênus, atende ao meu amparo