Eu era um jovem poeta, e você uma estrela que buscava abrigo
O céu se tornara perigo, para uma luz que brilhava tão intensamente
E em meio aos meus braços quentes, lhe provi moradia por longos meses
A chuva não pôde tocar sua pele, porque eu lutei contra as tempestades
Tu que no céu foi cercada, e quase tomada, veio à mim, mortal, como uma criança desgarrada
E em uma noite, com saudades de casa, a lua chamou seu nome, pequena
Meus braços não puderam lhe segurar, seu calor começou a queimar minha pele, senti meu corpo inteiro se desfazendo
E cada pedaço meu queimava por ti, intensamente, como as noites de inverno, quando a chuva cai do céu, e traz seu beijo de vida pra terra
Você se levantou, queimando como mil sóis, e eu caí, como centenas de faíscas que nascem e morrem em curtos espaços de tempo
Você voltou para a sua eternidade, e meus braços outrora quentes, que lhe protegeram das chuvas, dos ventos e do destino, se tornaram cinzas
me tornei puro, seu calor me queimou, até meu corpo se desfazer em tudo que eu poderia ser, um punhado de cinzas