Está de luto a poesia, porque neste fúnebre dia, morre em agonia minha vontade de amá-la
Não te vejo em alegria, não há em nós simpatia, nem desejo que se valha
perto de você me calo, tudo penso, nada falo
penso, onde isso há de dar?
Sei que ainda existem brechas, mas são finas como frestas, nelas não consigo entrar
E o que antes parecia, admiração ou alegria, hoje já nada se mostra
Não há vontade de inteirar-me, nem desejo que me pare este verso terminar
Horizontes de papel, que com lágrimas se desmancham, entres os cordéis se engancham, até mais nada restar
Quero que morra em mi teu desejo, que não lhe busque nem por um beijo, ou um momento de saudade
Que os vultos das praças sejam a minha companhia, que não me torne a alegria, de um dia desejar-te
Oh, fujas da minha mente, meu sangue não corre tão quente, não te olho com tanta beleza
pequena ninfa, que me deste confiança, hoje a quebro em desesperança, todo amor, novamente
Há de odiar-me em monocromia, preto e branco, noite e dia, com um contraste singular
Mas nossa história não se alivia, Presa no tempo como uma fotografia, há de muito perdurar
Destruo todos em um só impasse, todos menos essa saudade, que me assalta novamente
Meu horizonte de papel novamente se engancha, prontamente se desmancha aos milhares em minha mente